Resenha: As Gêmeas do Gelo de S. K. Tremayne

Título: As Gêmeas do Gelo
Autor(a): S. K. Tremayne
Gênero: Thriller Psicológico
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 362
Ano: 2016
Compare preços
Classificação: 5 de 5
Sinopse: Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem juntar os pedaços de suas vidas destroçadas. Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie (ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?

Duas irmãs gêmeas. Lindas. Alegres. Muito unidas. E idênticas. Tão idênticas que, no início, até seus pais tiveram dificuldade para identificá-las. Essas são Kirstie e Lydia, as belas filhas do jovem casal Sarah e Angus Moorkroft. As garotas são apaixonadas uma pela outra, quase como se pudessem ler pensamentos entre si. Elas já fizeram coisas estranhas, aquelas coisas de gêmeos que só impressionaram e encheram mais ainda de amor seus pais orgulhosos. 

Piadas que ninguém entendia, ataques de risos em cômodos diferentes, apenas suas personalidades eram distintas em alguns detalhes... No entanto, toda essa paz e felicidade estava com os dias contados. Quando ouve Kirstie gritar desesperada, Sarah sabe que as coisas nunca serão como antes. Lydia havia caído da sacada e morrido. Mas algo em Sarah também morreu naquele dia. E algo na família antes feliz se despedaçara, abrindo rachaduras que podem trazer à tona velhas e dolorosas questões. Mas os problemas não são somente esses. De repente, Kirstie começa a afirmar que, na verdade, é Lydia. A partir daí, tudo vira um caos. Será mesmo que Sarah e Angus cometeram um erro terrível? Como concertá-lo? O que realmente aconteceu naquele dia? Quem pode responder com certeza? E aquelas coisas de gêmeas de antes viram detalhes a ser observados, pensados, analisados. Tudo agora são dúvidas.

“Meu pai tinha até lhes dado um apelido: As Gêmeas do Gelo. Porque elas nasceram no dia mais frio do ano, tinham olhos de um azul-gelo e os cabelos loiros quase brancos, como a neve. O apelido parecia um pouco melancólico, tanto que nunca o adotei inteiramente. Contudo, eu não podia negar que, em alguns aspectos, o nome fazia sentido. Ele refletia sua aura de mistério. E as gêmeas conseguiam mesmo ser muito especiais: elas já tinham até um nome especial compartilhado entre elas.”

Mais um livro que esperei com ansiedade e que valeu muito a pena. A narrativa é totalmente viciante e envolvente. Os capítulos alternam entre Sarah e Angus, na primeira pessoa, uma escolha mais do que acertada. Gostei muito das descrições maravilhosas de uma ilha na Escócia para onde o casal se muda, Eilean Torran, a ilha do trovão. É quase como se pudéssemos sentir o vento fortíssimo batendo nas rochas, o gosto de mar revolto, a tempestade chegando, achei fantástico e deu uma ambientação que combinou muito com as emoções da história. Eu me sentia envolta em um clima de fora da realidade mesmo, no meio das montanhas, de todo esse desespero, toda essa aflição que o livro traz. Inclusive uma certa aura de terror velado. A escrita é super fluida, viciante mesmo. O clima de tensão nem se fala, prende até a última página.

“Às vezes, eu me pego em pé, pincel na mão, com o balde de tinta branca perto dos meus pés, de boca aberta e, quando dou por mim, percebo que eu tinha passado vinte minutos em silêncio, observando os raios de sol lançados sobre as montanhas, pintando as rochas escuras de dourado; observando as nuvens brancas à deriva, languidamente, sobre as colinas desgastadas pela neve de Knoydart: Sgurr nan Eugallt, Sgurr a’Choire-Bheithe, Fraoch Bheinn.”

É incrível ver as relações entre as personagens mudando e não saber o que pode ter acontecido. Aparecem sinais, ou não. O tempo todo. A história é uma camada de segredos e fatos que, a cada página, dão nova luz ao que aconteceu ou não aconteceu, deixando muitas teorias, possibilidades e vontade de saber finalmente qual é o mistério. Esse mistério foi brilhantemente construído, sempre se renovando, sem perder o ritmo da trama. As personagens são controversas, as emoções estão na superfície, toda a tensão a flor da pele. É uma leitura eletrizante. Eu desconfiei, confiei, depois desconfiei mais. Gostei de uma personagem, depois pensei melhor...

“Eu não sei. Por isso, ando pensativa. Nas duas últimas semanas, sempre que levava Kirstie à escola, eu a chamava de querida ou de amor, ou de qualquer coisa, exceto seu nome de verdade, pois eu tenho receio de que ela se vire para mim, como se estivesse em transe, com aqueles olhos azuis fixos e fale “Sou a Lydia. Não sou a Kirstie. Kirstie morreu. Uma de nós morreu. Nós morremos. Eu estou viva. Sou a Lydia, Como você pode se enganar, mamãe? Como pode fazer isso? Como?”

Me envolvi com tudo. Com a paisagem, com as meninas, com os pais. Senti tristeza, ansiedade, muita ansiedade. O lado humano também foi muito bem desenvolvido, os conflitos, as dúvidas e os medos. Imagine esta situação de trocar a filha que morreu, envolve tantas coisas que é difícil expressar, mas ficaram ótimas na história. São realidades cruas, difíceis. E me fez refletir, também.

É a história de uma mãe em desespero, de um casal que não se comunica, de um pai que não sabe o que fazer. A história de duas irmãs separadas, de uma família tentando juntar seus pedaços para se reconstruir. É mistério, é suspense, é drama. É agonia. É desespero. É um final lindo e um desenrolar de tirar o fôlego. Indico. Indico demais.

“Mais importante ainda: se a sua memória a longo prazo não era confiável, o quão confiável era o seu julgamento? Será que confiava em si mesmo para viver, pacificamente, com Sarah naquela ilha? Poderia ser muito difícil. E se ela estivesse mentindo para ele? Mais uma vez?”


Descrição da capa: Duas meninas idênticas, loiras, de costas, vestindo o que parece uma capa de chuva vermelha com capuz abaixado. Uma dela tem parte da lateral do corpo perdendo a cor, como se mesclasse com a cor de fundo, que remete a um lago ou mar. De frente para elas e longe, um farol na extensão de água. O céu acima bem nublado, praticamente preto. Abaixo do título o texto: "Uma ligação inquebrável. Uma verdade intolerável."  #PraCegoVer



2 comentários:

  1. To terminando de ler esse livro agora mesmo e socorro, não sei o que eu devo pensar! Acredito numa coisa, depois acredito em outra. Em quem eu confio? Não sei, to ficando doida. Ai meu Deus,

    ResponderExcluir
  2. Estão já tinha ouvida falar sobre esse livro,essa resenha só despertou minha curiosidade,agora preciso ler esse livro...bjs Parabens pela resenha.

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails