Resenha: A Cidade Murada de Ryan Graudin

Título: A Cidade Murada
Autora: Ryan Graudin
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção Realista, Young Adult, Distopia
ISBN: 9788565765633
Ano: 2015
Páginas: 400
Classificação: 4 de 5
Sinopse: A Cidade Murada é um terreno com ruas estreitas e sujas, onde vivem traficantes, assassinos e prostitutas. É também onde mora Dai, um garoto com um passado que o assombra. Para alcançar sua liberdade, ele terá de se envolver com a principal gangue e formar uma dupla com alguém que consiga fazer entregas de drogas muito rápido. Alguém como Jin, uma garota ágil e esperta que finge ser um menino para permanecer em segurança e procurar sua irmã. Mei Yee está mais perto do que ela imagina: presa num bordel, sonhando em fugir… até que Dai cruza seu caminho. Inspirado num lugar que existiu, este romance cheio de adrenalina acompanha três jovens unidos pelo destino numa tentativa desesperada de escapar desse labirinto.

Existem três regras para sobreviver na Cidade Murada. Corra rápido. Não confie em ninguém. Ande sempre com uma faca.
Baseado na cidade Kowloon, que existiu em Hong Kong até os anos 90, A Cidade Murada conta a história de três pessoas: Dai, Jin e Mei Yee. A incógnita fica por conta de Dai, pois não sabemos exatamente o que ele quer na Cidade Murada, enquanto que os planos de Jin são claros, ela quer encontrar a irmã mais velha que foi vendida para um bordel pelo próprio pai. Já Mei Yee, a que vive no bordel, apenas vive e convive com essa vida no dia a dia, não há mais nada o que fazer. É então que o destino dos três se entrelaça e vamos descobrindo um pouco mais de cada um e o que planejam.

[...] me falava desse lugar, a Cidade Murada de Hak Nam. Uma mistura dos ingredientes mais sombrios da humanidade - ladrões, prostitutas, assassinos, viciados - em dois hectares e meio. O inferno da terra, ele dizia. Um lugar tão implacável que nem mesmo a luz do sol tinha coragem de entrar.

Iniciamos o livro sem saber o motivo de Dai estar na Cidade Murada, já que ele é filho de uma pessoa influente e poderia muito bem estar vivendo em sua cidade. Não sabemos também o que ele planeja encontrar no bordel da Irmandade, onde o líder Longwai é um cara sem escrúpulos que não tem pena de matar. E também não sabemos porque ele tem um tempo cronometrado pra conseguir o que quer para sair de vez da Cidade Murada. É a partir desses mistérios que acompanhamos a vida de Dai.

[...] esta é a Cidade Murada de Hak Nam, e quem manda aqui é o medo. É a lei do mais forte. 
Crianças morrem todos os dias nestas ruas - vidas roubadas por fome, doenças ou facas. Não posso salvar todas. E, se não mantiver a cabeça baixa e fizer o que precisa ser feito em dezoito dias, não vou conseguir salvar nem minha própria pele. 

Jin entrou na Cidade Murada há 2 anos, quando perseguia a van que levou sua irmã Mei Yee, que foi vendida. Desde então ela faz de tudo para sobreviver lá, inclusive furtos. Ela aos poucos tenta passar em cada bordel para encontrar a irmã. Até seu caminho se cruzar com o de Dai, levando-a a inesperadas descobertas. Já Mei Yee tem que conviver com seu único cliente, já que ela é exclusiva e ele é o único que pode tocá-la. Através de seus olhos, vamos descobrindo como é a vida no bordel, inclusive para aquelas que desobedecem as regras e recebem as consequências. 

- Não tem como fugir. Esquece sua casa. Esquece sua família. - A voz do mestre era fria, impassível. Tão sem vida quanto seus olhos pesados de ópio. Você é minha agora. 

A narrativa é dividida pelo ponto de vista dos três personagens em primeira pessoa e não fica confuso. Os capítulos são curtos, a diagramação é simples e o livro tem um bom tamanho de letra, margens afastadas do miolo. 

Mesmo tendo elementos de ficção distópica, ele aborda temas reais como prostituição de menores, tráfico de drogas e de pessoas, criminalidade, pobreza exacerbada e muito mais. Mostra uma triste realidade que acontece atualmente no mundo todo. Kowloon, o local em que a cidade murada foi baseada, foi considerada a maior favela vertical do mundo, e mesmo que os personagens sejam fictícios, muito do que foi colocado em suas realidades, devem ter feiro parte do mundo real de Kowloon. Eu senti que A Cidade Murada foi uma mistura de realidade e ficção, o que não é algo tão fácil de ver por aí e a autora soube muito bem fazer essa “mistura”.

É impossível não ver a Cidade Murada. Os apartamentos se empilham feito tijolos toscos. Todos cobertos por grades. Jaulas em cima de jaulas. 

Eu criei muitas e altas expectativas com o livro muito antes de saber que seria lançado por aqui, mas recomendo que quem for ler, não faça como eu. Não crie tantas expectativas, pois assim suas expectativas podem ser ultrapassadas daquilo que se esperava, o que não aconteceu comigo, pois esperava algo um pouco diferente, talvez mais violento, não sei bem. Mas de toda forma eu amei a leitura. Não vá ler esperando ser outra distopia como as que estão saindo recentemente. Esse é um livro para refletir. Eu até agora ainda não sei se diria que é uma distopia, apesar de apresentar elementos distópicos. Não sei bem em que gênero eu categorizaria esse livro. Apenas sei que foi uma excelente leitura. 

E lembrando que uma das melhores coisas sobre A Cidade Murada é que ele é LIVRO ÚNICO. Nada de esperar por sequências, amém! Tem início, meio e fim!

PS: Comprei o livro por um preço salgado. Pesquisando o valor esses dias, vi que baixou um pouco, então aproveitem. 


8 comentários:

  1. Me parece muito bom quero poder ler esse livro

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  2. Olaaa,
    Eu ainda não conhecia o livro, mas pelo visto ele é muito bom, gostei da resenha, e fiquei curiosa para saber mais sobre essa cidade murada e sobre o que o motivo de Dai estar na cidade, gostei muito do enredo, mas não gostei de saber que o preço é meio salgado, e uhuuuuuu é livro único hehehe.
    Beijos *-*

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  3. Não conhecia este livro, mas depois de ler sua resenha adicionei ele em minha lista de leitura, fiquei super curiosa para ler sobre a cidade murada, e ansiosa para ler o livro, pretendo lê-lo em breve.

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  4. Esse livro parece ter uma narrativa bem tensa e densa, mas fiquei bem interessada! E saber que ela se inspirou em uma cidade de verdade...os conselhos que você destacou para sobreviver na cidade...acho que será uma leitura de tirar o fôlego.
    Pretendo comprar este livro na Bienal, mas não custa nada dar uma olhada nos preços que você colocou no início do post, né? Vai que está realmente em conta?!

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  5. Andresa!
    Gosto muito quando um livro, mesmo sendo distopia, retrata algo que retrata a nossa realidade mesmo, porque quantas cidades muradas existem aqui no Brasil e ao redor do mundo?
    É um livro que traz questionamentos e também nos faz refletir o quanto somos abençoados por não viver uma realidade como essa...
    “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”(Mahatma Gandhi)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  6. Já faz um tempo que quero ler esse livro,
    Achei a história diferente demais do que estou acostumada a ler, e bem interessante!!
    Outra cultura, tudo bem diferente mas ao mesmo tempo, cativante.
    A capa é linda também.
    bjs

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  7. Eu fico tão feliz quando acho livros bons e que são únicos..
    eu gosto de séries.. mas eu demoro demais até completar uma.. Esse seria um livro que provavelmente seria descartado por mi, passaria despercebido.. a capa dele não me chamou tanta atenção.. mas ai eu já li algumas resenhas..e depois disso percebi quanto o livro é interessante..
    Essa mistura de realidade e ficção.. muito me agrada e também a personalidade forte que seus personagens parecem ter.

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  8. Olá Andresa, adoro conferir aqui resenhas que ainda nunca havia visto falar, como exemplo este livro. |Ainda não o conhecia e por este detalhe fiquei bem animada em relação a leitura dele, adoro ler romances, mas depois de finalizar um, adoro mudar o gênero e este me parece ser uma ótima dica de leitura, pois ainda nao li nada parecido com a historia deste.

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