Resenha: Trono de Vidro de Sarah J. Maas

Título: Trono de Vidro

Autora: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

ISBN: 9788501401380

Ano: 2013

Páginas: 392

Compare Preços

Sinopse: Nas sombrias e sujas minas de sal de Endovier, um jovem de 18 anos está cumprindo sua sentença. Celaena é uma assassina, e a melhor de Adarlan. Aprisionada e fraca, ela está quase perdendo as esperanças quando recebe uma proposta. Terá de volta sua liberdade se representar o príncipe de Adarlan em uma competição, lutando contra os mais habilidosos assassinos e larápios do reino. Endovier é uma sentença de morte, e cada duelo em Adarlan será para viver ou morrer. Mas se o preço é ser livre, ela está disposta a tudo.

Quero começar dizendo que resenhar Trono de Vidro não foi nada fácil pra mim por vários motivos. Um deles é o quanto eu poderia falar, sem dar spoiler. Outro foi a quantia de nomes de pessoas e lugares estranhos que me deixaram um pouco confusa (cada vez que eu via o nome da protagonista, eu lia de forma diferente porque não consegui gravar rs) e muitos outros que ficam difíceis de colocar em palavras. Espero ter conseguido passar um pouco do que senti ao ler o livro. 

Celaena tem 18 anos e desde os 8 foi treinada para ser assassina. Ela perdeu os pais com essa mesma idade e foi “acolhida” pela pessoa que a treinou, até que essa mesma pessoa aparentemente a “vende”. Ela é capturada e levada para ser escrava nas minas de sal de Endovier por seus crimes e fica por lá durante um ano, sofrendo inúmeros castigos, como chibatadas, sal nas feridas, etc. Ela acaba recebendo uma oferta do príncipe Dorian para que lute em uma competição, com outras 23 pessoas, onde o campeão será o novo Assassino do Rei (que nada mais é do que a pessoa que fará o trabalho sujo para o rei).

Apesar de odiar o rei por tudo que ele fez de ruim contra vários povoados, ela não tem escolha a não ser aceitar a proposta, pois lhe foi prometida liberdade após 4 anos como Assassina do Rei, caso seja realmente escolhida para o cargo. Para isso ela precisará ganhar a competição que dura algumas semanas e de um a um os competidores são eliminados até sobrarem apenas 2 na final para duelarem. Os competidores são de toda a pior espécie que se possa imaginar. (PS: por favor, não pensem nem por um segundo que por ter uma competição onde só um pode sair vencedor, etc e tal, que essa história se pareça com uma outra muito famosa, pois uma nada tem a ver com a outra)

[...] Meu pai quer se divertir um pouco antes. Está organizando uma competição e convidou 23 integrantes do conselho para que cada um patrocine um candidato a campeão, para treinar no castelo de vidro e, por último, competir em um duelo. Se por acaso ganhar, será nomeada oficialmente a Assassina de Adarlan. [Pág. 24]

Assassino. Ele deveria ser enforcado. Tinha matado muito mais do que ela – pessoas inocentes e indefesas. Tinha destruído culturas, destruído conhecimento imensurável, destruído tanto do que um dia fora alegre e bom. [Pág. 74]

Dorian é o príncipe de Adarlan, sua vida é estressante, ele não gosta do seu pai, é mulherengo (todas as mulheres o querem), e apesar de temer Celaena no inicio, ele começa a ver um lado dela que ninguém mais parece ver. Chaol, faz parte da guarda do rei e foi designado para tomar conta e treinar Celaena. Ele é bem rígido, tem apenas 22 anos e está atento o tempo todo em relação a ela, afinal, ela é conhecida pela quantidade de pessoas que assassinou e por suas habilidades. Mas com o passar do tempo, ele começa a se afeiçoar pelo jeito bruto de Celaena, que além de ser linda é muito inteligente, e os dois acabam construindo uma “amizade”, se é que pode ser chamada assim.

Dorian sentiu uma vontade repentina de beijá-la, forte, na boca. Mas aquilo, o que sentia, jamais poderia ser real. Porque assim que o baile terminasse, Celaena voltaria a ser uma assassina, e ele ainda seria um príncipe. [Pág. 287]

E é claro que, com um trio de personagens como esses, um possível triângulo amoroso iria se formar, mesmo o livro não sendo focado no romance. 

Conforme os dias vão passando, algo inesperado começa a acontecer: um a um, os competidores começam a ser assassinados de forma muito brutal no castelo onde estão hospedados para a competição. Algo de ruim parece habitar o lugar e qualquer um pode ser a nova vítima.

Trono de Vidro é um livro de fantasia, que se passa em uma terra chamada Erilea, que possui vários povoados/cidades. Adarlan, onde é centrada a história, é governada pelo rei, que é um tirano e quer conquistar Erilea a qualquer custo. Ele e a rainha pouco aparecem. Nesse mundo existia magia e vários seres mágicos, mas tudo isso desapareceu a mando do rei que destruiu tudo pelo caminho. 

Os personagens de grande destaque são mesmo Celaena, Dorian e Chaol, cada um com suas qualidades e defeitos. Gostei de todos eles de cara, talvez com exceção do príncipe, que eu passei a gostar conforme passavam as páginas.

- Está gostando de ver minhas cicatrizes?
- Quando as conseguiu? [...]
- Essas três eu recebi no meu primeiro dia em Endovier.
- O que fez para merecê-las?
- Merecê-las? Ninguém merece ser açoitado como um animal. Assim que cheguei a Endovier, fui arrastada para o centro do acampamento e amarrada entre postes de açoitamento. Vinte e uma chicotadas. [...] Passei a primeira noite sem saber se sobreviveria até a manhã, se as feridas nas costas infeccionariam, se sangraria até a morte sem nem ter ideia do que estava acontecendo. [Pág. 122]

Celaena é uma personagem forte, que sofreu muito, mas que aprendeu a sobrevier à vida miserável que levava. Chaol é um capitão da Guarda Real que parece rígido e intolerável às vezes, mas conforme o conhecemos melhor, percebemos que ele é muito mais e esconde alguns sentimentos dessa forma. E Dorian, é o típico príncipe gato, que tem mulheres a sua disposição quando quer, mas que é muito mais do que isso e tem que lidar com muita coisa, inclusive arrumar uma esposa a insistência da mãe. Há também a princesa Nehemia, que vem de outro povoado para aprender os costumes e língua local (seu povoado é inimigo de Adarlan), mas por algum motivo a deixaram ficar no castelo e ela logo se torna amiga de Celaena.

Há também, é claro, personagens detestáveis, como é o caso de Cain, um dos competidores de Celaena e maior adversário que terá que enfrentar. Cain é patrocinado por Perrington, um duque que só quer saber de passar por cima dos outros. E Kaltein, uma cortesã, que está comprometida a Perrington, mas está de olho em Dorian, ou mais precisamente na coroa e no trono e fará de tudo a seu alcance para conseguir o que quer.

A narrativa é feita principalmente por Celaena, mas ela também é dividida com Dorian e Chaol quase igualmente, e com Kaltein poucas vezes e ainda um trecho pelo rei. Achei excelente, pois podemos ver o ponto de vista de cada um, o que dá mais riqueza a história. O que mais gostei em Celaena é que ela é decidida e determinada e não fica esperando tudo de mão beijada, como muitas protagonistas. É claro que ela também tem deslizes, mas não achei tão relevante quanto suas qualidades.

Apesar de algumas coisas previsíveis, o livro aborda muito mais do que se possa falar em uma resenha e é por isso que recomendo a todos que leiam e tirarem suas próprias conclusões, pois não há muito que ser dito que não vá revelar detalhes importantes sobre a história. Eu gostei muito do livro, ainda não superou tanto as expectativas que tinha há anos, mas achei tanto a história quanto os personagens muito bons.

E eu que achava que seria uma trilogia, descobri que a autora prometeu 6 livros para a série (pelo menos é o que diz no Goodreads). Ou seja, a história não terá um fim tão próximo. Além disso, existem vários contos já lançados no exterior que se passam antes do primeiro livro (vamos torcer para que a Galera publique por aqui, nem que seja em e-book). O segundo volume “Crown of Midnight” foi lançado no exterior em agosto e estou ansiosa para seu lançamento por aqui, que infelizmente ainda não tem previsão.

PS: Desculpem a resenha enorme, mas foi muito difícil falar sobre esse livro, o que me levou a escrever mais do que deveria rs. 

A Galera Record divulgou em seu Facebook, um guia de pronúncia em inglês, para que saibamos como se pronunciam os nomes de personagens e locais citados no livro. É muito interessante (pena que só vi isso após acabar a leitura rs). (Cliquem par aumentar)

Capas americana e do Reino Unido e a primeira capa do livro que mudou o padrão para esse atual

A capa antiga é muito mais bonita que a atual, mas de certa forma acho que a Celaena no estilo guerreira na capa tem muito mais a ver com a história do que apenas um rosto bonito.