Resenha: Boa Noite de Pam Gonçalves

Título: Boa Noite
Autora: Pam Gonçalves
Editora: Galera
Gênero: New Adult, Romance
ISBN: 8501106690
Ano: 2016
Páginas: 240
Compare preços
Classificação: 4 de 5 estrelas
Sinopse: Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação - em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

"Juntas somos muito mais fortes."


Antes de tudo eu preciso dizer o seguinte: Boa Noite é um livro muito relevante!

Eu só soube realmente sobre o tema central do livro através de uma resenha que li no blog em que eu ganhei o livro num sorteio (uhuu!!). Boa Noite aborda a vida universitária de uma caloura, que muda de cidade, passando a morar numa república. Uma garota que quer mudar seu status de “nerd” pra mais sociável/legal, que passa por preconceito pela escolha do seu curso ‘Engenharia da Computação’ e que trata de abusos sexuais dentro da universidade.

A narrativa é feita por Alina em primeira pessoa, num tom jovem e com bom ritmo. Inicialmente a leitura é leve, mas conforme os assuntos centrais vão aparecendo, percebemos que nada é abordado superficialmente.   

No início achei Alina influenciável, algo que eu diria ser até típico de muita gente, principalmente adolescentes. Quem nunca ficou com medo de dizer “não” a alguma coisa? Seja aquela bebida alcoólica que uma amiga oferece ou qualquer outra coisa, que às vezes você nem se sente confortável, mas acaba aceitando para “fazer parte”. O fato de ela tentar o tempo todo mudar seu “eu” da escola pra seu “eu” universitário me incomodou um pouco. Mas aos poucos começamos a ver Alina se impor e decidir por si mesma o que era ou não melhor para ela. Ela foi uma personagem bem real, tanto com defeitos comuns como com qualidades admiráveis. E evoluiu ao longo do livro.

"Não vou deixar que as outras pessoas definam quem sou."

Os personagens secundários devem ter toda a atenção também. Eles são essenciais na história. Cada um com uma personalidade diferente, todos veteranos e ótimos, mas meu coração bateu mesmo foi por Gustavo (<3). Um cara fofo, que faz medicina e foi meu crush no livro (e claro, minha torcida para par com Alina). E também adorei Manu, a louquinha do grupo.

O mais importante nessa obra são os assuntos pautados como: preconceito, machismo, abuso sexual e cultura do estupro. São assuntos que NUNCA devem se esgotar. Devem ser propagadas para serem evitados a todo custo. E a temática abuso sexual no ambiente universitário, é extremamente atual e fundamental de se abordar. A maioria das vítimas, por motivos variados, não denunciam o crime e é importante falar desse tópico que assola, não só mulheres, por todo o mundo.

"Várias garotas sofrem abuso sexual todos os dias na nossa universidade, na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país, no mundo inteiro. E a maioria não denuncia e nem pede ajuda. (...) Sabem por quê? Porque a maioria vai ser culpada por vocês. Por nós. Porque, para a nossa sociedade, é normal assediar. Porque, se ela não quisesse, não sairia de roupa curta. Porque, se ela não quisesse, não andaria sozinha. Porque, se ela não quisesse, não estaria bebendo. Porque, se ela não quisesse, não estaria VIVENDO."

Eu me identifiquei já de cara com o curso escolhido por Alina, já que sou formada em computação (apesar de não exercer). E realmente as mulheres ainda sofrem com o preconceito de cursar exatas. Pleno 2017 e ainda existe isso! Inacreditável! Na turma dela são apenas 4 meninas e além de quase todos os alunos demonstrarem machismo e preconceito, até mesmo alguns professores dão aquele olhar torto por elas estarem ali, como se não tivessem direito de fazer aquele curso.

“As três garotas e eu automaticamente nos unimos no primeiro dia de aula, como se precisássemos daquilo para nos protegermos, e é quase isso mesmo. Inicialmente como instinto e, depois, conscientemente com um time. ”

Apesar de ser um livro que considero curto (240 páginas), a trama se desenvolve bem e não temos um final TÃO corrido como costumo ver na maioria dos livros mais curtos. Mas acredito também que umas páginas a mais não fariam mal... até mesmo para ter um desfecho melhor sobre os antagonistas.

Meu maior problema com o livro é quanto à formatação, que tem letras gigantes no início do capítulo e nas páginas seguintes a letra é bem pequena. Mas Pam tem uma narrativa tão gostosa que me perdi na leitura e terminei em algumas horas. O livro não ganhou 5 estrelas porque eu queria um pouquinho mais de páginas para fechar bem a trama e pela formatação, que dependendo do local e horário que a pessoa vá ler, pode incomodar pelo tamanho da letra.

"Se não protegermos e cuidarmos umas das outras, não serão os homens que o farão por nós."

Pra mim, as mensagens de SORORIDADE e contra abuso são os pontos mais importantes dessa obra. Recomendo a todos!


5 comentários:

  1. Tenho esse livro, e pretendo lê-lo ainda esse ano. Fiquei muito feliz quando soube que ela iria publicar esse livro, e já fui correndo colocar na lista de desejado. Me surpreendi em saber que ela conseguiu criar uma narrativa que nos prendesse a leitura, ainda mais com temas que devem ser discutidos. Tinha visto muitas criticas em relação a esse livro, por isso fiquei entusiasmada com sua resenha.

    ResponderExcluir
  2. Andresa!
    O livro aborda assuntos bem polêmicos e que acredito devem mesmo ser discutidos se abordados de forma correta.
    Não é fácil lidar com abuso, estupro, preconceito em pleno século XXI, é totalmente absurdo.
    Semaninha De muita luz e paz!
    “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância.” (Sócrates)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de JANEIRO dos nacionais, livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

    ResponderExcluir
  3. Depois de ler sua resenha, senti vontade de conhecer melhor a protagonista do livro: Aline. Veja que cada vez mais, os autores estão abordando temas que a sociedade nem sempre conhece ou então tenta ignorar. Gostei da resenha e quero muito ler esse livro.

    ResponderExcluir
  4. Andresa hoje li uma resenha desse livro e posso dizer que foi completamente o oposto do que você disse, a pessoa que a escreveu não gostou da obra e eu, pela resenha dela, também não gostei. Entretanto, lendo uma resenha sobre outra perspectiva esse livro tem muito a oferecer, com certeza deve ser um livro lido por várias pessoas, principalmente o público jovem. Tudo o que a Aline passou com certeza não acontece somente com ela, muitas pessoas sofrem com isso diariamente. Não vejo a hora de poder realizar minha leitura desse livro.

    ResponderExcluir
  5. Interessei-me pelo livro!! Quero saber o que ocorre com a Alina, como ela se sai na república, a parte do romance, e como acontece estes abusos, preconceitos, como lidar e talvez até evitá-los!! Ainda não li nada desta autora, gosto dos autores nacionais!! A capa está muito linda!!

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails